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sábado, 17 de março de 2012
sexta-feira, 16 de março de 2012
Reflexões a respeito das generalizações
Tempos atrás, lendo um texto num desses sítios de literatura - cuja autora assina como Francisquini - falando das generalizações no universo feminino, ela se surpreendeu quando uma consultora de moda afirmou que “toda mulher sonha em perder dois quilos”.
Não é para menos o seu espanto. Nos anos oitenta tive uma namorada que prometeu subir a Ladeira do Bonfim, de joelhos, caso engordasse vinte quilos. Sonhava ser uma pessoa magra e comprar roupas na seção feminina, como todas as suas amigas. Infelizmente, a magreza era tanta, tanta, que comprava roupas nas seções infantis e usava Band Aid como absorvente íntimo.
Dá-lhe, Francisquini, mineira de boa cepa! Emagrecer dois quilos, engordar vinte ou permanecer como está, é um estado de espírito e não uma exigência natural feminina! Assim como nem todo mineiro é um come-queijo ou um come-quieto. O mineiro é um baiano cansado que sonha com o mar. Volta e meia tenta incorporar o município baiano de Alcobaça ao território de Minas Gerais. Alcobaça é a utopia mineira. É o mar.
Dizia Gordurinha que o Brasil foi descoberto na Bahia e o resto é interior. Mas já sabemos que o paulista é um baiano apressado, que acorda de madrugada para movimentar as engrenagens do progresso. Tenho uma amiga que sai de casa às cinco da matina para bater ponto às nove horas. Às vezes chega atrasada no batente e tem os minutos descontados do salário. Por causa disso, nunca sobra dinheiro para botar gasolina na fubica e ir ao zoológico com o namorado dar pipoca aos macacos. Aliás, com correria tanta, os homens fogem dela como o Diabo foge da cruz.
A diferença do Rio de Janeiro para Salvador é o Pão de Açúcar, com a Urca no meio. O carioca é um baiano que não deu certo, que se acha malandro de gafieira, mas adora dançar a maior invenção baiana, depois do trio elétrico: o samba, que nasceu no Recôncavo e se mudou para o Rio de mala e cuia, porque, como sabemos, santo de casa não faz milagre. O carioca inventou e exportou a mania excêntrica de se beber Coca-Cola com gelo, mesmo estando o xarope americano empedrado no vasilhame. Fazendo o caminho inverso em busca do DNA primitivo, convenceu o baiano a comer acarajé acompanhado de Coca-Cola, na mais estranha e esquisita mistura cultural.
O baiano é preguiçoso por natureza e leva quinze dias para morrer de repente. Seu lema é: “nunca faça hoje o que pode ser feito amanhã”. Menos filho, claro. Por isso é o estado brasileiro que mais cresce demograficamente.
Em verdade o baiano não é preguiçoso. Ele apenas gosta de gozar dos prazeres da vida consumindo o mínimo de energia possível. Quando chega o carnaval ele precisa de toda reserva energética para subir a Ladeira do Pelô catando lata ou puxando corda nos blocos de trios para que os turistas se divirtam com segurança e o frenesi movimente o bailado da sedução em mistura de ritmo, suor e cerveja.
Mas vamos ao ápice da polêmica: se até aqui alguém achou que fiz apologia às generalizações, ótimo, a intenção é essa mesma. Para mostrar ao leitor que, generalizar como certos doutores ou doutoras da inutilidade fazem, nos torna ditadores verbais.
quinta-feira, 15 de março de 2012
domingo, 11 de março de 2012
Cineas Santos - Se a moda pega...
Não sem razão, quando querem nos sacanear, os hermanos argentinos nos chamam de “los macaquitos”. Volta e meia, assumimos posturas ou adotamos modismos que nada têm a ver conosco. Não teria maior gravidade se isso não gerasse consequências. Um triste exemplo: adotamos como regra de conduta a imposição do “politicamente correto”, uma das piores pragas disseminadas pelos norte-americanos. O brasileiro, por temperamento e gosto é, naturalmente, espaçoso, folgado. Tira sarro de tudo e faz humor até com a própria desgraça. Como enquadrá-lo na moldura estreita concebida pelos gringos? Hoje, antes de abrir a boca para dizer uma brincadeira, mesmo que seja com alguém da nossa laia, convém ficar atento: a gracinha pode resultar em processos, indenizações e o diabo a quatro. Começa a viger entre nós o lema dos escoteiros: “sempre alerta”.
Vejam a última novidade: “O Ministério Público Federal (MPF) entrou com ação na Justiça Federal em Uberlândia (MG) para tirar de circulação o dicionário Houaiss, um dos mais conceituados do mercado. Segundo o MPF, a publicação contém expressões ‘pejorativas e preconceituosas’, pratica racismo aos ciganos e não atendeu recomendações de alterar o texto, como fizeram outras duas editoras com seus dicionários”.
“O caso teve início em 2009, quando a Procuradoria da República recebeu representação de uma pessoa de origem cigana afirmando que havia preconceito por parte dos dicionários brasileiros em relação à etnia. No Brasil, há aproximadamente 600 mil ciganos. Desde então, segundo o MPF, foram enviados ‘diversos ofícios e recomendações’ às editoras para que mudassem o verbete. As editoras Globo e Melhoramentos, de acordo com o órgão, atenderam às recomendações” (Agência O Estado).
Como se pode ver, a coisa é mais séria do que parece: se já chegou aos dicionários, logo mais, chegará aos textos de ficção. Ora, não precisa ser filólogo nem linguista para saber que dicionarista não cria vocábulos; limita-se a recolhê-los e catalogá-los de forma a facilitar consultas por parte de quem queira fazê-lo. Antônio Houaiss era um pesquisador sério e cercou-se de uma equipe de alto nível para elaborar seu dicionário que, em curto espaço de tempo, tornou-se uma referência no país. Para manter o dicionário atualizado, o filólogo criou o Instituto Houaiss que tem prestado relevantes serviços ao país. O MPF, além de exigir a “correção” do verbete, impôs multa pesada: “Além da retirada da publicação do mercado, o MPF também pediu que a editora (Objetiva) e o instituto sejam condenados a pagar R$ 200 mil de indenização por danos morais coletivos”. A quem interessar possa, o Dicionário Houaiss traz 8 acepções para o termo cigano, todas elas de uso corrente no país. A que tem caráter pejorativo está assinalada como tal. Caberá à Justiça decidir. O precedente pode ser perigoso.
Voltando ao início desta arenga, a única coisa que devemos imitar dos americanos é a noção do valor do trabalho e sua justa remuneração. O mais é coisa de mico de feira.
quinta-feira, 8 de março de 2012
quarta-feira, 7 de março de 2012
Maria Helena Bandeira - Espelho embriagado
Mas eu fiquei esquecida na mesa. Não sou esta mulher, com a qual o espelho tenta me enganar.
Estou em algum lugar onde esqueci a bola para que você viesse procurar. E me encontrar perdida, o vestido lívido do desejo, a boca espessa, procurando o conhecer do medo.
Lá na lembrança havia a pele do perigo que perdi nos retalhos do desespero.
E os olhos. Os olhos de pedido que enlouquecem.
Não me procure hoje com olhos de ontem. Não estarei mais lá.
Ficamos os dois na tarde do proibido e nenhum pode seguir caminho. Apenas corpos que se reproduzem através de dias. Apesar da seda que foi se abrindo em fendas, íris em que permanecem brilhos, cujo matiz esquecido já não toca o havido.
Não venha ao meu encontro neste espelho quebrado. Porque também estarei fingindo o dia que não é mais. Estarei outra e outros do não sei. Um homem que pensei entender mas foi tão cedo. Talvez tenha sido de brincar. A vida pode não ser à sério. Escondidas de nós as coisas bravas, mostrando sinais inexistentes .
Quando olho para mim no teu espelho é uma outra mulher que é. Não existimos mais. Nunca existimos. E a saudade na tarde da escondida bola, brincadeira, foi apenas uma falsa memória.
Sentado nesta mesa de um bar qualquer, num dia sem e me esperando, não é mais real do que a tarde cuja memória permanece do que não é.
Está mais profundo no passado do que estou agora neste instante em que a estranha do espelho acaba de chegar.
Sei que houve tudo e de saber vivo. Mas não de te encontrar em bares, ou de espreitar o espelho mentiroso.
De saber que em algum ponto ainda arde. Uma dobra talvez da antiga plenitude. A beleza que foi, tudo é presente.
É sempre hoje onde se quer de todo.
Saio do banheiro e fecho a porta com cuidado. Quero escapar outra vez de mim.
Na mesa você espera com olhos de ontem .Mas eu te apunhalo com a faca de sempre. O estilhaço do espelho que me viu.
Embriagado.
terça-feira, 6 de março de 2012
Gata Borralheira já era
Quando Vinícius tinha quatro anos de idade, sua televisão foi para o conserto e ficamos apenas com uma, a da sala, e às vezes se criava um impasse, pois ele queria assistir aos seus Pokemon’s e eu queria ver o noticiário, principalmente no horário do meio-dia. Ele estudava à tarde e, enquanto aguardava o transporte escolar, ficava grudado na tevê. Um dia, tentando convencê-lo a me ceder meia hora de audiência de noticiário, dizendo que ele devia alternar desenho com informação, pois as mulheres gostavam de homens bem informados, ele contra-argumentou:
– Painho, quando você tinha a minha idade, você gostava mais de desenho ou de jornal?
Surpreso com a pergunta, respondi:
– No meu tempo de criança não existia nem desenho nem televisão.
São somente pouco mais de quatro décadas e nada disso existia. As notícias viajavam em lombo de jegue ou de boca em boca. Os acontecimentos pitorescos viravam cordéis e ganhavam o mundo na voz dos cantadores. O rádio começava a se popularizar com o advento do transistor e assustava a nossa vã compreensão de como um negócio tão pequeno era falador feito corno.
Do rádio, foi um passo para a popularização, também, da televisão. Inventaram o crediário e mais casas exibiam antenas de tevê. Surgiram as telenovelas, os programas de variedades e o aparelho de televisão passou a ser a maior fonte de entretenimento. Programas de auditório mantinham a família unida em frente ao cinescópio nas jovens tardes de domingo, acontecendo o inverso da psicocinese: o objeto dominando a mente, em vez do contrário.
Quando, no dia 12 de abril de 1961, Yuri Gagarin foi ao espaço e disse extasiado: “A Terra é azul!”, não imaginava que tal frase seria eternizada e que causaria uma revolução tecnológica ao desencadear a corrida espacial entre soviéticos e americanos, cada um querendo ser superior ao outro. Veio o projeto Apollo, o homem pisou na Lua, e o milagre da miniaturização de eletro-eletrônicos ganhou popularidade. Foi inventado o microchip e a parafernália maravilhosa do microprocessador. E os grandalhões computadores, da época, tornaram-se obsoletos e foram doados aos museus. Só para se ter idéia: um dos primeiros discos rígidos (o HD), tinha o diâmetro de quase dois metros, dois megabytes de capacidade de armazenamento e levava dois dias para ser formatado. É mole?
Se tudo caminha para o desenvolvimento do conforto humano e quase não conseguimos acompanhar a dinâmica tecnológica, o homem parou no tempo e no espaço quando olha para o seu próprio umbigo e vê que não consegue avançar um milímetro sequer na mentalidade retrógrada e medieval. Uma imensa maioria ainda vive a cultura das cavernas em que o homem era o responsável pela caça e a mulher, submissa e frágil, ficava responsável pela prole e pelo preparo da comida do guerreiro cansado.
Na sociedade moderna não há mais espaço para delimitações de tarefas dentro de casa, principalmente depois que a mulher foi à luta, venceu, e hoje disputa palmo a palmo com o homem um lugar no mercado produtivo, acabando com a submissão econômica e social imposta pelo companheiro, que, na maioria das vezes, a via como um mero objeto sexual ou como um “chofer de fogão”. Alguns ainda pensam que “casa e comida” são suficientes para manter a mulher feliz.
Um vizinho andava dizendo que mulher que trabalha tem tudo para chifrar o marido. Que mulher dele tinha que ficar em casa, cuidando dos afazeres domésticos e cozinhando para ele. Um dia ele chegou a casa fora do horário rotineiro e descobriu que a mulher também “cozinhava” para outros. Foi tão imbecil que jogou as panelas fora e passou a comer de marmita.
A incompreensão do homem moderno com a mulher moderna que topa lavar, passar, cozinhar e estar descansada, disposta e cheirando a perfume francês quando ele chegar a casa para o justo descanso do guerreiro, é que ela nunca sorri satisfeita para os amigos que o acompanham para beber, ouvir música, conversar, enquanto ela se divide entre as tarefas escolares dos filhos, preparo dos tira-gostos e ainda dá uma de garçonete, servindo a cerveja ou preparando a caipirinha.
Quando eu me casei, acordei na manhã seguinte aprendendo a cozinhar. Sentia que um dia iria morar sozinho. Minha litisconsorte ativa cozinhava divinamente bem e posso afirmar que ela me pegou pelo estômago. Mas, segundo a tradição budista, o homem não pode ser prisioneiro do seu corpo, senão nunca atinge o nirvana. Quatro anos depois me vi cozinhando para mim mesmo. Prometi nunca mais me casar com mulher que soubesse cozinhar. Invariavelmente cheira a cebola.
Amei Edna pela primeira vez quando ela era hóspede na minha casa, em Salvador, e foi fritar um ovo e se cortou na casca. Para variar, não sabia que se colocava sal em ovo. E que precisava de óleo ou de manteiga para fritar. Tímida e envergonhada, confessou: “É que nunca fritei ovo na minha vida!” Até então éramos só amigos e o meu coração, em júbilo, gritou: “É esta! É esta!” Tomado pela importância de um ser superior, ensinei-a, passo-a-passo, todos os rituais sagrados da culinária, começando pela posição correta para se acender o fósforo à complicada operação de se abrir a válvula do gás. E ela, enternecida, me agradeceu promovendo uma noite de sexo que acordou toda a vizinhança.
Nesse dia tive a certeza de que caldo de sururu era afrodisíaco.
segunda-feira, 5 de março de 2012
Maria Olípia de Melo - Lilith

Deus criou Adão, o primeiro Homem, do barro. Sabendo o quanto era solitário viver sem uma companhia que o completasse, teve pena de Adão e criou uma companheira para ele – a mulher. E chamou a primeira mulher de Lilith. Criou-a da mesma forma que criou Adão: do barro. Mas lhes deu liberdade para viver da melhor forma que conseguissem. Eles simplesmente não conseguiram. Mal se viram frente a frente, começaram a brincar e a brigar. É que a brincadeira preferida de Adão era, através de sua força física que era maior, jogar Lilith no chão e deitar-se sobre ela. Lilith logo estrilou e gritou: assim não vale. Fui criada da mesma forma que você e não estou gostando nada dessa brincadeira. Somos iguais, dizia, mas Adão retrucava: de modo nenhum, você é inferior, essa é sua aptidão, não a minha. Eu fui criado para dominar. Lilith até que tentou, mas não conseguiu convencer Adão e então achou melhor se mandar. Adão foi choroso procurar o seu Criador dizendo-lhe que a mulher que lhe dera como companheira fugira. Deus mandou três de seus anjos buscá-la e trazê-la de volta imediatamente. Ela não voltou nem recebendo terríveis ameaças. Alguns dizem que ela se casou com Samael, um dos anjos caídos e talvez seja por isso que é vista como um demônio.
Deus não teve outro jeito para fazer Adão parar de choramingar. Como o barro próprio para fazer bonecos tinha acabado, tirou uma costela do Adão e dela fez uma mulher, aparentemente inferior e submissa a Adão, que ficou todo feliz e empolgado.
Lilith, embora não quisesse nada com Adão, ficou irada. Então o seu marido, conforme a vontade de Deus, agora se conformava com um arremedo de mulher? Encontrou em Samael um bom parceiro e os dois juntos ficaram por ali, beirando o Paraíso e tentando Adão e Eva. Não foi difícil fazê-los cair em tentação. Foi aí que se inventou a história da serpente e da maçã porque não ficaria bom para a humanidade crescer e se multiplicar sabendo que adultério era uma coisa corriqueira desde os primórdios.
Lilith era um personagem pouco divulgado, desconhecido até. Tornou-se mais presente na mídia depois que as mulheres resolveram lutar por direitos iguais – desde então passou a ser considerada a verdadeira precursora do feminismo.
Sempre gostei dessa marota subversiva. É por isso que, nesse mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a minha homenagem vai todinha para ela.
domingo, 4 de março de 2012
Gorete Amorim - Entre o refrão e a realidade
Era véspera do dia 08 de março e não me lembro o ano. Dava aula em Massagueira, distrito de Marechal Deodoro, município vizinho a Maceió, e havia um micro-ônibus da Prefeitura que fazia o transporte dos professores de Maceió a Massagueira, e levava, no máximo, meia hora de viagem. Apesar de curto, havia tempo suficiente para surgirem discussões diversas, piadas, fofocas e outras coisitas más. Nessa viagem o assunto foi “mulher”.
Um professor comentou:
- Pessoal, amanhã é dia da mulher, os homens precisam estar atentos, pois em Maceió cada um tem direito a três mulheres. Lembram da música, “Ô Maceió, é três mulé prum homem só...” Então, as mulheres não podem querer exclusividade, senão, como ficam as outras? Não há dúvida, cada homem tem direito a três mulheres, não acham?
As reações eram as mais diversas, alguns riam, outros contestavam e alguns silenciavam ou ignoravam. Vendo-me calada no meu canto, o professor me perguntou de forma irônica:
- Não acha que estou com razão, professora? Se temos direito a três mulheres por que ficarmos apenas com uma? Não temos culpa se em Maceió tem, no mínimo, três mulheres pra um homem só.
Quem pergunta o que quer, ouve o que não quer, já dizia a minha mãe. O nó atravessado na garganta se desfez e respondi procurando não me exaltar:
- Já que me chamou na conversa, sinceramente, acho que dificilmente um homem tem energia suficiente para dar conta, a contento, de três mulheres. Mas não é essa a principal questão. A questão é estatística, ou seja, é possível que em Maceió possa haver um percentual de três pessoas do sexo feminino correspondente a cada pessoa do sexo masculino. Você já parou pra pensar se essa estatística não é por idade ou por padrão físico? Ou você pensa, ilusoriamente, que são três mulheres para cada homem do tipo Carla Perez? Já parou para pensar que sua mãe, sua avó, suas tias, suas sobrinhas, primas, irmãs, etc., fazem parte dessa estatística? As meninas que nasceram hoje também podem estar supostamente contadas, assim como as adolescentes que dormem nas calçadas de Maceió e outras cidades, as idosas nos asilos, e assim vai. Como está a atenção dada a sua mãe e irmãs? Tem sido atencioso, carinhoso e gentil com tua mulher? O que espera conquistar da mulher que compartilha a vida?
O professor baixou a crista no meio da vaia dos colegas, envergonhado ou talvez arrependido de ter me envolvido na conversa. Falou sem jeito:
- É... Nunca havia pensado dessa forma, mas, como não posso mudar o mundo, não dou moleza, tem muita mulher precisando de carinho e eu estou aqui pra dar.
- Então, na pior das hipóteses, você fica sabendo o que penso a respeito. Infelizmente há gente pra tudo, inclusive para não saber se dar valor.
O silêncio do motor do micro-ônibus pôs um ponto final na conversa. Aproveitei o episódio para debater em sala de aula a visão equivocada do refrão da música de Djavan.
sábado, 3 de março de 2012
Ana Lúcia Cruz - Mulhernagem
Segundo o meu sogro, homenagem feita a uma mulher é uma Mulhernagem.
Além de uma homenagem a todas as mulheres, faço aqui um agradecimento às mulheres que contribuíram com a construção da minha identidade feminina, através de seus exemplos: minha bisavó Maria, que viveu por mais de 100 anos, minhas avós, que já passam dos 90 anos com muita força e vitalidade, minha mãe, minhas tias, as esposas dos meus tios, minhas primas, e minhas filhas, que herdaram de todas nós não só os genes da vitalidade familiar, mas também, bons exemplos de mulheres guerreiras que desafiaram e desafiam os limites impostos por uma sociedade machista.
É por nós sabido que as mulheres, por tradição, recebem tratamento e educação diferenciada dos homens. Educado para ser astuto, audacioso, viril, agressivo, racional, criativo e livre, o homem cresce autônomo e impetuoso, enquanto a mulher é tratada e educada como “sexo frágil”.
É visível que o sistema educacional reforça tal estigma referendando as diferenças, que muitas vezes geram a exclusão e até mesmo o bullying. Meninas têm que gostar de rosa e brincar de boneca, de casinha, de professora... Meninos têm que gostar de azul e jogar futebol, brincar com carrinhos, correr...
Outro dia conheci um garoto muito bem resolvido que ao ser questionado sobre a profissão que gostaria de ter no futuro, respondeu imediatamente:
- Quero ser bailarino!
Quando a mãe atônita enfatizou que ballet é coisa para meninas, ele respondeu categoricamente:
- E quem vai segurar as bailarinas no ar? Você nunca viu que são os homens que seguram as bailarinas no ar no momento da dança? Quero ser bailarino e vou segurar a cintura das bailarinas. Vou me casar com uma bailarina e vamos dançar juntos!
Diante da resposta do garoto me questiono: até quando vamos educar os nossos filhos e filhas para o machismo?
Conheço uma garota que sofre bullying porque gosta de jogar futebol com os meninos e as suas amigas a rejeitam por preferirem outras atividades.
Lembro de uma tia contando que quando criança adorava brincar com carrinhos de rolimã e sua mãe brigava insistentemente:
- Para com isso, menina! Parece um menino subindo e descendo a rua com um carro de rolimã!
E minha tia respondia:
- Mãe, quando crescer vou comprar um carro e serei uma ótima motorista!
Não sou adepta do feminismo, nem levanto nenhuma bandeira em prol da inversão dos papéis do homem e da mulher, porém, chamo a atenção para o fato de insistirmos em alimentarmos ideologias machistas, enquanto que na realidade os papéis de homens e mulheres, cada vez mais, são compartilhados entre eles.
Quantas famílias são sustentadas por mulheres? Quantas mulheres criam sozinhas os seus filhos?
Lembro-me da minha avó mudando-se de uma pequena cidade do interior para outra cidade maior na esperança de dar melhores condições de vida para os meus tios, deixando para trás o meu avô e os preconceitos, numa época em que a mulher separada não era bem vista pela sociedade.
A identidade pessoal é construída e formatada com base nos modelos parentais e sofre a influência do meio educacional e social.
Em tempos de “mulheres frutas”, “mulheres animais”, “popozudas” e “piriguetes”, eu pergunto: que mulher eu quero ser? Que mulher eu espero que minhas filhas sejam?
E vocês homens, que mulheres querem como namoradas, esposas, irmãs e filhas?
sexta-feira, 2 de março de 2012
Leila Barros - Como é bom ser mulher!
Ah!... como é bom ser mulher, existem tantas vantagens em relação aos homens!...
Muita calma nessa hora! Não fui eu quem afirmou isso! Essa foi a frase que um amigo muito querido proferiu um dia desses. Fiquei pensando nessa frase e resolvi refletir sobre essas vantagens femininas que ele acha que as mulheres possuem.
É... até que pode ser...reflitamos:
Mulheres podem se vestir com um terno, sem serem importunadas ou sem causarem constrangimento.
Uma mulher pode dirigir caminhão, ou casar virgem e toda delicada... e de branco e ter muitos rebentos.
Essa coisa de poder dar a luz...gerar vida, parece muito bom...
E no requisito das vaidades então, o campo é vasto e ninguém vai contestar que é coisa de metrossexual... Esmalte azul, batom vermelho, cabelo loiro...preto, quem sabe lilás?
Homem não pode...ah... O cartunista Laerte pode, ele pode, porque tem peito e muita atitude para isso!
Se uma mulher tem seios pequenos e não gosta, vai ao supermercado (perdão, eu sei que não se compra seios em supermercado) e compra logo uns quinhentos mililitros de silicone ou vai a uma clínica de cirurgia plástica e resolve a questão em algumas horas. E pronto, já está se sentindo uma diva da TV.
O pior é se ela conhece um cidadão da geração Y, muito rapidinho, muito prático e que gosta de mulheres cultas, magérrimas e quase sem peitos...Lá vai ela na clínica de cirurgia plástica e tira o silicone e fica com os seios menores.
Se está meio gordinha e com pneus, vai ao doutor cirurgião e corta logo fora a barriga, os glúteos e os culotes. Aí, ela se esbalda, faz lipoescultura, estica, retira, remove. Tem umas que até tiram a costela fora para ficar com a cintura bem fininha. Mas aquelas que não podem fazer cirurgia, asfixiam-se nos corseletes.
Se a boca é pequena, Botox nela. Se a pálpebra caiu, corta e estica e injeta outro líquido de ácidos compostos sei lá do quê.
Se não fizer tudo isso, não é olhada, não é admirada e nem cultuada. E os machões afirmam: Abaixo as feias, as despeitadas (literalmente falando), as desbundadas e as rugas malfazejas.
Se a mulher possui muitos neurônios em evidência arranca suspiros dos nerds, dos inteligentes, dos jornalistas... Se possui tudo isso e ainda é charmosa, faz a banca de deputados cair das cadeiras.
Ah...se a mulher sabe sambar e pode usar biquíni e um penacho na cabeça, ela já pode ser madrinha de bateria de escola de samba.
Tem capacidade para carregar peso, mas pode também pedir para um gentil cavalheiro com musculatura avantajada carregar esse peso para ela.
Pode cozinhar e lavar a louça, mas pode pedir com aquele jeito especial e o gentil cavalheiro faz isso para ela também.
Tem o direito de se apaixonar e rir sozinha muitas vezes por dia, sem que seja chamada de louca, pois todos vão imaginar que é a TPM...
Pode ser racional e passional...
Consegue chorar em público e pode fazer discurso no Congresso.
Uma mulher pode abrigar seres pequenos e frágeis no útero e criá-los até que voem livres e pode também abrigar na alma e perto do coração seus homens adultos, fortes e musculosos - ah!... esses tão independentes e livres seres masculinos, que ora admiramos e ora invejamos!
Pode usar vestido em um calor de quase quarenta graus e se sentir leve, plena, forte e vencer os desafios do cotidiano, mesmo em cima de um salto de seis centímetros ou usando uma botina de uniforme de fábrica.
Delicadeza e alma, força e poder...
É...acho que o meu amigo tinha razão e o Laerte também: ser mulher é tudo de bom.
quinta-feira, 1 de março de 2012
Edna Lopes - Mulher: um olhar sobre nosso corpo
A Igreja diz: O corpo é uma culpa.
A Ciência diz: O corpo é uma máquina.
A Publicidade diz: O corpo é um negócio.
O corpo diz: Eu sou uma festa.
Eduardo Galeano
Durante as férias de janeiro agendei os exames periódicos que a medicina recomenda a todas as mulheres. Colposcopia, mamografia, ultrassonografia das mamas e da pélvis. Não é a experiência mais relaxante que vivemos e seria um ato simples e corriqueiro se, primeiro tivéssemos atendimento público e de qualidade garantido e, segundo, se a relação com nosso corpo fosse outra.
Cansei de ouvir histórias de mulheres que procuram ginecologista, não para a prevenção, mas para buscar a cura de alguma doença, o que na maioria das vezes já é tarde para se fazer qualquer coisa.
Enquanto entrava e saía de várias antessalas e salas, conheci uma simpática senhora de aparentemente 70 anos, entre copos e copos de água, aguardando a vez do ultrassom da pélvis. Ela tremia e se justificava com uma moça bem mais nova, sobrinha, como fiquei sabendo depois, que não havia conseguido fazer a coposcopia e não faria o ultrassom da pélvis, porque não conseguia sequer pensar que alguém pudesse ver e tocar em suas partes íntimas.
Percebi que a mocinha se impacientava, sem convencer a tia e me meti na conversa argumentando que ela poderia fazer os exames tranquila, visto que as médicas que nos atendiam ali eram profissionais experientes, competentes e éticas e estavam acostumadas a lidar com este tipo de situação, que aqueles exames salvava nossas vidas.
Nada. Nenhuma palavra da mocinha ou minha convenceram-na do contrário. “Não gosto de ser assim”, disse. “Fui criada desse jeito e morro de vergonha de me mostrar em qualquer situação, até numa dessas que eu sei não ter nada demais, eu não consigo”.
E lá se foi a senhora sem fazer exame algum. Fiquei pensando no que poderia reverter uma situação daquela e refletindo quantas de nós já não morreram e ainda vão morrer por adiar um exame de prevenção. Educação rigorosa, convicções religiosas e desinformação matam lentamente mulheres que carregam a culpa do “corpo em pecado”.
Noutra ponta, o culto desenfreado ao “corpo perfeito”, exposição sem sentido associada à busca da eterna juventude também tem escravizado e vitimizado muitas de nós. Dia desses me vi estupefata diante da notícia da mãe que presenteou a filha de sete anos com um “vale lipoaspiração”.
Fiquei pensando em tantas que não conhecem o próprio corpo, que evitam se tocar para não tirar disso algum prazer, que acham pecaminoso, constrangedor se despir diante de uma igual, mesmo que seja por razões de saúde e lamentei que nossa educação tivesse feito tão pouco por elas.
Nosso corpo merece cuidados e atenção, assim como nossa sensibilidade e consciência. Que o bom senso prevaleça. Espero e torço para que as novas gerações de mulheres tão expostas a tanta exploração do corpo, ao culto a eterna beleza juvenil, daqui a alguns anos não evite fazer os exames preventivos para não expor a flacidez dos seios, celulites e estrias, marcas da vida e do tempo para toda mulher.
SEMANA INTERNACIONAL DA MULHER
Aquele que diz que a mulher é sexo frágil, com certeza não vive neste planeta.
Hoje é moleza ser feminista, segurar o mastro da bandeira nas passeatas com algumas reivindicações justas e legítimas, como o direito amplo e irrestrito ao trabalho em igualdade de condições com o homem, se bem que conheço muitas que adorariam encantar um príncipe e viver apenas em função dos chás das cinco. Outras, mais radicais, sugerem que os homens também dividam os pratos que se acumulam na pia.
Devagar com o andor que o santo é de barro. Voltando aos tempos do poder patriarcal dos senhores de engenho ou dos barões do café, as ditas feministas de hoje vacilariam frente a esses senhores que dominavam a economia, a política, a cultura, a vida e a alma dos brasileiros e que se casavam apenas para ter uma mulher para dar porrada, fazer filhos e tomar conta das mucamas. Eles podiam tudo, inclusive estuprar e matar as metidas a feministas.
Em 1789, tomada pelos ventos libertários, a Assembléia Nacional francesa aprovou a Declaração dos Direitos do Homem. Em 1791, embalada pelo lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” cravado na bandeira do ideário revolucionário, a escritora francesa Marie Olympe Gouze (Olympe de Gouges) lançou também o seu manifesto “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”. Pegos de calças-curtas, os nobres revolucionários acharam tal manifesto uma afronta à moral e aos bons costumes. Que significava aquilo? Revolução das calcinhas dentro da grande revolução dos cuecões? Lugar de mulher era na cozinha e assim deveria continuar. Quem lavaria a louça? Quem trataria do javali antes de ir à panela?
Olympe de Gourges, a primeira feminista da história, foi a julgamento em um tribunal predominantemente machista. O circo estava armado e ela foi condenada à pena capital, sob a acusação de “ter querido ser um homem de Estado e ter esquecido as virtudes próprias do seu sexo.” Foi guilhotinada em 1793 sem que nenhuma outra mulher ousasse sair em sua defesa.
No dia 8 de março de 1857, 129 tecelãs em Nova Iorque se cansaram da exploração patronal e se uniram em um movimento reivindicatório, exigindo redução da jornada diária do trabalho, de 16, para 10 horas. Além de trabalharem mais, ganhavam apenas quarenta por cento do salário dos homens. Quando chegavam a casa, exaustas, encontravam uma pilha de pratos a serem lavados, comida a ser feita, filho para amamentar e beira do rio para lavar roupa, pois lavanderia era coisa a ser inventada. Não era justo tamanha exploração. Cruzaram os braços e saíram à rua a fazer barulho, sendo que encontraram uma forte e violenta repressão policial. Voltaram à fábrica achando ser um abrigo seguro. Os patrões e a polícia trancaram as portas e atearam fogo na fábrica, matando-as na imensa fogueira formada.
Em 1910, na II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, realizada na Dinamarca, a alemã Clara Zetkin propôs o dia oito de março como o dia Internacional da Mulher, em homenagem àquelas 129 mártires de Nova Iorque. A proposta foi aceita e nesse dia as mulheres do mundo todo se dão as mãos em busca de fortificar o movimento feminista, propondo o fim da hegemonia político-econômico-administrativa masculina, seguindo o lema dos compositores mineiros Beto Guedes e Ronaldo Bastos quando dizem “Vamos precisar de todo mundo / um mais um é sempre mais que dois”, se bem que esses versos foram escritos bem depois, o que não invalida o grito de guerra “Mulheres / unidas / jamais serão vencidas!” que encerrou a II Conferência na Dinamarca.
Proposições justas, por sinal, porém o movimento reivindicatório esbarra na própria instabilidade da vaidade feminina quando passa batom nos lábios frente a um espelho, no dia seguinte, e nos 364 que se sucedem até o próximo 8 de março; elas (as feministas e não as mulheres em si) são incapazes de se olhar fraternalmente como companheiras de luta e seguir um propósito comum; em vez disso, engalfinham-se feito onças-de-unhas-pintadas disputando um território selvagem, inaptas em abraçar a causa libertária e tornar suas reivindicações numa bandeira ideológica permanente.
Fala mais alto a vaidade histórica e cada uma mira-se no espelho com a desconfiança aguda de quem encara uma rival.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
José Neumanne Pinto - Lua Semente
Na véspera da semana internacional da mulher, um poema de Nêumanne Pinto com quatro fases.
Lua plantada na terra
Tem doce de cana,
Vive no verde da serra,
Semente tirana.
Lua banhada de sangue
Não foge da morte,
Traça, na lama do mangue,
A vida e a sorte.
Lua soprada no vento
É gado no pasto,
Vive no sol ao relento,
O céu é tão vasto.
Lua queimada na chama
Não guarda segredo,
Beijo de lua na cama
Congela o meu medo.
Tem doce de cana,
Vive no verde da serra,
Semente tirana.
Lua banhada de sangue
Não foge da morte,
Traça, na lama do mangue,
A vida e a sorte.
Lua soprada no vento
É gado no pasto,
Vive no sol ao relento,
O céu é tão vasto.
Lua queimada na chama
Não guarda segredo,
Beijo de lua na cama
Congela o meu medo.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Cineas Santos - Remota lembrança de um corso
Decididamente, não me afino com as chamadas festas populares. São João, Natal, Révellion e Carnaval poderiam sair do calendário sem alterar minha rotina. Antes que me atirem pedras, uma explicação: não tenho nada contra festas grandes ou pequenas. Tenho tudo contra a alegria compulsória. A obrigação de parecer feliz para estar em sintonia com o rebanho é o que me desagrada. Em outro momento, já afirmei que pesco as minhas alegrias em águas rasas com anzol de linha curta. Não persigo a felicidade como escafandrista ou alpinista em busca de recorde; limito-me a fruí-la, em doses homeopáticas, quando ela decide visitar-me. Nada além.
Voltemos ao tema que deu origem a essa arenga. Recém-chegado a Teresina, eu não sabia da existência da palavra corso. Eis que, numa tarde de fevereiro, ouvi o som de uma marchinha tocada por uma charanga desafinada. À época, eu morava na Des. Freitas, mais conhecida como Rua da Estrela. Corri para a porta e deparei-me com o tal corso. Na verdade, meia dúzia de carros, algumas carroças, uma centena de pedestres sujos de talco, Maizena, farinha de trigo e coisas menos nobres. Nas calçadas, a plateia atirava papel picado, serpentinas e esguichava líquido das mais diversas procedências. A maioria dos foliões era constituída de homens fantasiados de mulher. Lá pelas tantas, despontou a grande estrela da festa: um cidadão negro, meio roliço, idade inescrutável, fantasiado de baiana. Como uma porta-bandeira, sem a companhia do mestre-sala, fazia evoluções, parava, sorria e mandava beijinhos para a plateia, que ia ao delírio. Era Bernardo Cruz, alfaiate por necessidade e folião por gosto e vocação.
Consta que, num certo carnaval, Bernardo Cruz não desfilou. Consternação geral: sem a figura da baiana rechonchuda, o corso era apenas um mela-mela. Dias depois, no famoso Restaurante Sapucainha, um médico brincalhão encontrou-se com o Bernardo Cruz. Não se conteve:
- Bernardo, você quase acabou com o carnaval de Teresina!
- Eu sei, mas eu também quase morri, doutor. Você não soube?
- Não. O que aconteceu?
- Fui atropelado por uma carroça. Passou por cima do meu pé!
- Peraí, Bernardo, isso é motivo suficiente pra matar alguém?
- Não, doutor, mas quando vi o estrago no pé resolvi me matar!
- Matar-se?!
- Doutor, você já viu vedete e cavalo de corrida fazerem sucesso mancando? É melhor uma morte honrosa...
Festas pobres para uma cidade pobrezinha. A cidade cresceu e tudo mudou: este ano, se bem entendi, o corso de Teresina entrou para o Guinness Book como o maior do mundo. Não sei exatamente o que isso representa para a cidade, mas pela repercussão, deve ser algo muito importante. Brava gente!
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