Aldir
Blanc é uma glória das letras cariocas. Bom de se ler e de se ouvir, bom de se
esbaldar de rir, bom de se aldir”. Esta é a opinião de outra glória das letras
e da música cariocas, Chico Buarque, também bom de se ler, de se ouvir e de se
aldir.
“Eu gostaria de escrever como o Aldir”.
Quem gostaria de escrever como o Aldir? Ivan Lessa, simplesmente, cronista que
escreve como ninguém. Resumindo: Aldir Blanc é aquele cara que a gente quer ser
quando crescer, quando aprender a viver, quando souber escrever. Aldir Blanc
Mendes, que já foi chamado de Proust de Vila Isabel, esse Stanislaw da Muda, Guimarães
da Tijuca, é uma flor de amigo e de poeta, uma Rosa de Pessoa. Tem a Zona Norte
de sua cidade cravada no peito esquerdo, ao lado do escudo do Vasco. É um dos
maiores cariocas que se conhece.
“Eu sou do Estácio, mermão! Pensa que é
fácil? Né não”, já berrou numa letra de samba. Ninguém vem da Maia de Lacerda
impunemente. Aldir Blanc nasceu no mês de setembro de todas as primaveras, no
dia 2, no ano de 1946. Citar suas músicas é covardia. É desnecessário. Só meia
dúzia, para não cansar: O bêbado e a equilibrista, Mestre-sala dos
mares, Kid Cavaquinho, Dois pra lá dois pra cá, Saudades
da Guanabara, Catavento e girassol. Parceiros? Só alguns: João
Bosco, Maurício Tapajós, Moacyr Luz, Guinga, Ivan Lins, Cristóvão Bastos, Paulinho
da Viola...
Aldir é também um escritor (contista,
cronista e poeta) de alto gabarito. Seu texto gostoso e rascante (que nem os
melhores vinhos) estreou no Pasquim, na década de 1970, onde publicou as
crônicas mais tarde reunidas nos livros Rua dos Artistas e arredores e Porta
de tinturaria (lançados em primeira edição pela Codecri). Após o fechamento
do Pasquim, Blanc levou suas crônicas de humor ferino para revistas como
a Playboy e os jornais Tribuna da Imprensa, Ultima Hora, O
Estado de São Paulo, O Dia (onde manteve colaboração semanal por
quase dez anos ) e, hoje, em O Globo.
Aldir colaborou com a revista Bundas,
do primeiro ao último número, e esteve presente na maioria das edições d´ Opasquim21,
desde a edição de número zero até o fechamento do jornal, em 2004. Reuniu
crônicas também nos livros Brasil passado a sujo (Geração Editorial) e Um
cara bacana na décima nona (Record). Procurem esses livros, para entender
por que o seu texto encanta escritores como Ivan Lessa e Chico Buarque. E ouçam
todas as suas músicas, sempre.