sexta-feira, 24 de outubro de 2008

2 A CIDADE


II

O Junco descansa placidamente

No seu leito profundo, secular.

Os fantasmas passeiam calmamente

Pelo vazio das ruas dormentes.


A igreja repica os sinos

Em sons invisíveis e inaudíveis

Que só os fantasmas ousam escutar.


Fantasmas da miséria,

Fantasmas da maldição,

Fantasmas duma cidade fantasma

Que acalentam os sonhos

E anseios de quem nasceu insone.


O padre, indiferente, prega a missa

Em tristes orações de funerais...

Orações e rezas de quem partiu

Para não mais voltar.


E os fantasmas, uníssonos,

Entoam o réquiem.




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