I
De braços abertos eu te protejo
E te abraço em férreos braços...
Purifico-te em banhos de cheiro.
Cheiro de alecrim, cheiro de açucena,
E afasto o perigo com o espinho do calumbi.
Estarei sempre alerta a te proteger
Como a mãe protege o seu rebento;
E lúcido para te guiar pelos labirintos do mundo
Como se fosse a mão de Deus
Conduzindo invisível Seus filhos desgarrados.
Quando te sentires forte o suficiente
Para guiar teus próprios passos
Por este mudo errante,
Uma vez partido e decidido teu destino,
Peço-te que não radicalizes
Como o Tempo que anda sem olhar para trás
E sem esperar por ninguém...
Não tenhas mágoas do teu passado,
Pois ele será sempre o teu presente
E estará presente aonde quer que vás.
E se um dia,
A solidão diáfana te abraçar
E não mais saberes por onde seguir,
Peço-te que voltes, mesmo trôpego,
Trazendo na mala uma medida do Bonfim
E amarre-a no meu corpo para ti desnudado,
Antes de te ajoelhar e de te benzer,
Antes mesmo de depositar os teus presentes
No meu carcomido pé;
Depois me abrace, me afague,
Possua-me como se eu fosse tua última amante
Ao qual darias o teu último beijo.
Talvez assim
A minha solidão contundente
Não mais me ferirá
Como te feriu um dia
O espinho do calumbi.
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