sexta-feira, 24 de outubro de 2008

4 PAU-DE-ARARA E ARARA NO PAU


IV

Em cima de borrachas infladas

E de tábuas duras quanto a própria sorte,

Reina o sonho e a esperança

Em cálidos rostos tracejados pela dor

De homens que vivem sem norte

Cujo destino se chama Sul.


Pau-de-arara,

Paus-de-araras!

Sua cama, sua vida,

Sua alma enraizada

No cheiro da caatinga,

No ronco do motor!


A minha sorte maior

Foi ter nascido poeta

No ápice da guerra

Do homem com a Natureza.

Só assim

Poderei condecorar

Os heróis anônimos nacionais

Que partiram do seu povo

Desfraldando a bandeira da necessidade

E que perderam sua identidade

Nas rodas do caminhão.


Mas quem devolverá

A vergonha dessa gente

Que partiu do seu povo

Para se exilar no seu próprio país?







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